Aberta a todos os fóruns que discutem o tema suicídio, a Secretaria Municipal da Saúde de Marília participou da apresentação “Diálogos sobre suicídio”, organizado pela Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e Grupo de Apoio aos Sobreviventes Enlutados. As minipalestras foram feitas durante reunião da Região Pastoral I, que reúne regularmente parte dos padres da Diocese de Marília.
A iniciativa surgiu do interesse dos religiosos pelo assunto e da articulação social, por meio das instituições e profissionais envolvidos. As políticas públicas municipais são desenvolvidas pelo Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde.
As apresentações foram feitas pelas psicólogas Natália Capel Laluna Figueredo e Vivian Gimenes (ambas do HC Famema), Luciana Handa (Grupo de Sobreviventes Enlutados) e Simone Alves Cotrim Moreira, supervisora do programa municipal.
A ação faz parte da pré-agenda do “Setembro Amarelo”, quando ocorre ampla mobilização social pela discussão, compreensão e prevenção ao suicídio.
SINAIS DE ALERTA
No ano passado, o Ministério da Saúde divulgou dados sobre casos de suicídio no país. Na faixa etária superior a 70 anos foi apurada média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A média nacional, consideradas todas as idades, é 5,5 a cada 100 mil pessoas.
Simone Cotrim defendeu o diálogo franco na família e em todos os espaços coletivos, como escola, igreja e comunidades. Ela lembrou ainda a importância da observação dos “sinais de alerta”.
Entre estes indicadores estão a desmotivação, desesperança, isolamento, variações extremas de humor e declaração do desejo de morte. Frases como “a vida não vale a pena”, “nada mais importa” ou “queria não ter nascido” têm importância à prevenção.
CENÁRIO ATUAL
Simone lembrou ainda que há distorção na afirmativa de que “Marília é uma cidade ‘líder’ em casos de suicídio no Estado”. Ela destacou que, em 2016, com base em dados de 2013 e 2014, a Fundação Seade publicou o SP Demográfico, em que a RA (região administrativa Marília), formada por 51 municípios, teve indicador 8,7 por 100 mil.
O alto número, na ocasião, não reflete a atualidade. Em 2016 Marília teve índice 3,9 e no ano passado 7,39. Esse indicador (parcial) em 2018 está em 4,78 casos a cada grupo de 100 mil habitantes. “Os números norteiam as políticas públicas, mas enquanto houver um caso que seja, todos nós teremos que refletir e agir. Um já é muito”, disse.
AÇÕES
O padre Adriano Alves Pereira, pároco da Paróquia Maria Mãe de Deus e Coordenador dos padres para o município de Marília, avaliou o encontro como muito produtivo e informativo. O religioso proporcionou a abertura do espaço, na reunião periódica, após tratativa com a coordenadora do Núcleo de Apoio à Comunidade da Famema, Sônia Custódio.
A comunidade católica, com o suporte técnico da Secretaria Municipal da Saúde e demais organizações presentes, já traçam algumas estratégias, como aumentar a informação sobre o tema entre os fiéis, apoiando a impressão de material educativo, tendo os padres como multiplicadores da mensagem sobre prevenção.
Quem se encontra em sofrimento psíquico em Marília conta com uma rede de serviços, de acordo com o tipo de necessidade. É possível ligar para o CVV (Centro de Valorização da Vida – telefone 188), ou entrar em contato com as unidades do Caps.
O Caps-AD Famema atende pelo (14) 3433-8584, o Caps Com-Viver pelo 3451-4028 e o Caps-i (Infantil) Catavento no 3451-1660. Os dois últimos são mantidos pela Prefeitura. Ambos os serviços funcionam por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
Fotos: Júlio César de Carlis