O combate à leishmaniose visceral, a exemplo da guerra ao Aedes Aegypti, também pede envolvimento da população e muita criatividade. Alunos da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Sambalelê, na zona sul da cidade, estão preparados para enfrentar o mosquito palha, transmissor da doença. Nas aulas, teve consultório veterinário mirim, oficinas de artes e até caminhada para alertar a vizinhança.
A escola, com cerca de 200 alunos, está localizada no Jardim Monte Castelo e atende crianças entre dois e cinco anos. Para cada etapa do desenvolvimento, uma proposta diferente de atividade.
Os alunos do maternal (dois e três anos) levaram bichinhos de pelúcia e aprenderam brincando, no “consultório veterinário mirim”, a cuidar dos animais de estimação para reduzir o risco de contaminação dos cães.
Já para as crianças do Infantil I e II (quatro e cinco anos) foram expostos o tema por meio de música, teatralização, produção de desenhos e, acompanhados da equipe de educadores, caminhada pelas ruas do bairro para pedir conscientização aos moradores.
A coordenadora da Emei, Ana Cláudia Sardi Guedes, explica que o trabalho teve início após a participação da escola nas oficinas ministradas pelos veterinários Lupércio Garrido Neto e Ticiana Donatti dos Reis, da Divisão de Zoonoses de Marília.
Durante o curso, realizado na sede da Secretaria Municipal da Educação, com a participação da Equipe Técnica da Secretaria e de professores coordenadores de 40 Emeis, foram transmitidas informações sobre o surgimento, avanço e a situação da doença na região, além de aspectos técnicos.
“Uma vez que passa a ser endêmica de uma determinada área, a Leishmaniose torna-se uma ameaça constante. O que podemos fazer é o controle. O esforço é imenso e depende de uma mobilização com envolvimento da população”, disse Garrido, à época da capacitação.
Sob a orientação e apoio da diretora Isadora Maleski Serrano, a Emei Sambalelê fez a lição de casa. “Temos certeza que, por meio das crianças, estamos levando o assunto para as famílias, ampliando o entendimento sobre a doença e favorecendo a saúde da população”, destacou a coordenadora.
A LEISHMANIOSE
A leishmaniose visceral é uma doença grave que acomete o homem, os cães e outros mamíferos. É causada pelo parasita Leishmania chagasi, que é transmitido por meio da picada do mosquito palha. Nas áreas urbanas, o cão é a principal fonte de infecção. Ao picar um cão infectado, o mosquito palha passa a transmitir a doença.
O mosquito costuma picar a partir do final da tarde até o amanhecer. O “palha”, que recebe esse apelido por sua cor, se reproduz depositando seus ovos no solo. As larvas alimentam-se de matéria orgânica até se tornarem adultas.
Para evitar a proliferação do mosquito palha é preciso manter o ambiente limpo, livre de entulhos e matéria orgânica. A cidade apresenta casos da doença em humanos desde 2011, quando foi confirmada uma notificação de leishmaniose visceral na zona norte.
Em 2014 foram outras duas ocorrências e em 2015 mais uma. Em 2016 o número disparou: foram dez casos. Sem ações específicas de controle entre 2014 e 2016, o avanço da doença prosseguiu.
Desde janeiro de 2017 funciona um Grupo Técnico, com a participação da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), específico para acompanhar a doença e definir ações. Em 2017 foram confirmados 15 casos e este ano apenas um registro positivo.
Foto: Arquivo PMM