“Jardim de Roseiras” foi exibido no auditório da Secretaria Municipal da Saúde
Como roseiras. Belas, porém com espinhos. Nem todos estão dispostos a se aproximar para descobrir as belezas nestes jardins. É preciso sensibilidade, amor e ousadia. Essa alegoria paralela à saúde mental ajuda a explicar o ambiente em que foi concebido e apresentado o documentário “Jardim das Roseiras”, uma das ações para marcar em Marília o18 de maio, Dia da Luta Antimanicomial.
A exibição aconteceu no auditório da Secretaria Municipal da Saúde. O filme, idealizado por Domênica Almeida e realizado pelo Coletivo Luta Antimanicomial de Marília, tem direção de Paula Melo e Marcos Piva (direção de fotografia).
O documentário é um compilado de depoimentos, que abordam de maneira sensível e horizontal, tudo que faz sentido para quem é assistido ou trabalha na saúde mental. Com delicadeza, o roteiro leva o expectador à certeza de que “somos todos iguais”.
Jardim das Roseiras terá exibição em locais públicos ao ar livre; o primeiro deles, a praça Saturnino de Brito, em frente À Prefeitura, nesta sexta-feira (18), com apoio da Secretaria Municipal da Cultura.
Após os lançamentos e as sessões programadas, vai para a internet e servirá de material de apoio ao trabalho psicossocial, para ampliar seu impacto. Mais informações podem ser conferidas na página facebook.com/jardimderoseiras.
A VIDA TEM SENTIDO
Aos 62 anos, Cleuza dos Santos, moradora no bairro Palmital, encontra alegria em relatar que frequenta o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Com-Viver. Os estigmas e a falta de compreensão de parte das pessoas não passam despercebidos, mas não a incomodam.
No Caps que ela encontrou mais que terapia, encontrou motivações para viver. “Minha vida inteira eu cuidei de um irmão que tinha problema mental e ele era paciente do Caps. Ele morreu, minha mãe também morreu. Eu fiquei sozinha, fiquei sem chão. Eu estava adoecendo, mas graças ao Caps eu sou uma pessoa que trata a mente, que consegue ser feliz, mesmo sendo sozinha, sendo diferente”, disse.
Outros pacientes, como Cleuza, além de profissionais de saúde e pessoas que fazem a rede interinstitucional de saúde mental funcionar em Marília, participaram da gravação e assistiram a primeira exibição aberta do documentário.
A sessão também foi acompanhada pela secretária municipal da Saúde, Kátia Santana e pela psicóloga Simone Alves Cotrim, supervisora do programa no município. “Parabenizamos a equipe de produção, o Coletivo e os apoiadores que participaram desse projeto. Esse vídeo deve ser assistido por todas as pessoas, para que esse tema possa ser tratado pela sociedade com mais sensibilidade, como uma questão que deve ser pensada por todos”, disse a secretária.
PROGRAMAÇÃO
Maio é o “Mês da Luta Antimanicomial no HC”, realizado pelos Residentes Multiprofissionais em Saúde Mental e Usuários da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), com duas atividades em cartaz.
De 21 a 27 de maio acontece o “Afetarte: tecendo afeto por meio da arte”, com uma semana de exposição de trabalhos desenvolvidos pelos usuários do Caps Com-Viver e enfermaria psiquiátrica. No dia 28 acontece o “Encontro dos Abraços: A vida está na arte dos encontros”, com confraternização e encerramento. A atividade será realizada no saguão térreo do HCI (em frente à capela), das 18h30 às 20h30.
REDE
A Prefeitura de Marília atua na rede, entre outras ações, mantendo duas unidades do Centro de Atenção Psicossocial. O Caps Com-Viver atende adultos e o Caps Catavento, crianças e adolescentes. Juntas, as duas unidades somam 320 pessoas vinculadas, com acesso à equipe multiprofissional (incluindo psiquiatras) e recursos terapêuticos.
Além dos serviços e organizações citadas, a Luta Antimanicomial em Marília envolve o Nasf (Núcleo de Apoio ao Programa Saúde da Família); Caps Álcool e outras Drogas mantido pela Famema; Residência Multiprofissional em Saúde Mental e Saúde Coletiva da Famema, docentes e alunos da Unesp e Socism (Sociedade Científica de Saúde Mental).
Fotos: Júlio César de Carlis
