O evento contará também com programação de bandas marilienses e gastronomia
Acontece nesta quarta-feira (31), a partir das 19h, a 11ª edição do Sarau do Saci, evento voltado à cultura popular brasileira, realizada pelo Ceeja (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos) Professora Sebastiana Ulian Pessine, que fica na rua 24 de Dezembro, 162. A entrada é gratuita.
O evento tem o apoio da Prefeitura de Marília, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, e terá na programação uma das apresentações mais esperadas na cidade pelo público que curte rap: grupo Inquérito – com lançamento do disco Tungstênio.
A programação conta também com Samuca Conrado, Maurílio Jr, Momô com Açúcar, Banda Lua e as Marés, Clube do Choro de Marília, Nando Vieira e Eduardo Pavloski .
Haverá área de gastronomia com salgados, sobremesas, sucos, água e refrigerantes, e área de exposições do Projeto Bem Viver, Essência Mahi e Feira de Cordel. A Mesa Veggie estará no evento com comida vegana.
INQUÉRITO
Grande destaque da programação do Sarau do Saci é a apresentação do grupo de rap Inquérito, com o lançamento do disco Tungstênio.
“A expectativa para o show é a melhor possível, já tocamos outras vezes na cidade e estamos em casa. Entre shows e saraus estive em Marília sete vezes, foram eventos na rua, pista de skate, biblioteca, e agora numa escola junto com o Sarau do Saci, ou seja, não poderia ser melhor, a escola é um lugar de resistência e transformação, assim como o rap que fazemos, inclusive vejo os professores como grandes MC’s”, disse Renam Inquérito, fundador do grupo.
Tungstênio é o sexto e mais afiado álbum da carreira do Inquérito, grupo de rap do interior de São Paulo na estrada desde 1999. O lançamento de 2018 comemora quase duas décadas de dedicação ao Hip Hop e tem 12 faixas, muitas delas com participações nacionais e internacionais. Dentre as parcerias constam Zeca Baleiro, Mato Seco, Tulipa Ruiz, os rappers Rashid, Diomedes Chinaski e Nicole; Luís Travassos, cantor de fado português, o rapper angolano MCK e a cantora neozelandesa LAWN incrementam a lista com outros sotaques e batidas.
Reconhecido por utilizar a música para transformação e interferência social, Inquérito traz na canção “Anônimos” o coral Somos Iguais, formado por crianças refugiadas que vivem em São Paulo. Como diz o verso de “Histórias Reais”: “Numa quebrada do Brasil bem perto de você, só muda o sotaque, o CEP e o RG.”
Universidades, presídios e bibliotecas são territórios comuns quando se trata de Inquérito. As letras já foram temas de vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), provando a afinidade do rap com a poesia e a literatura. Dessa atenção e dedicação aos temas sociais surgem os versos de Tungstênio, a rima cada vez mais sagaz que declama com sentimento as duras verdades de nosso tempo. Entre algumas músicas do disco, ouve-se a voz de Renan declamando a poesia “Tungstênio”:
“A gente é que nem os metais, tá ligado?
Uns são suave, outros pesa, uns são comuns, outros raros
Mas… tem um que é zika: TUNGS-TÊ-NIO
Duro e pesado, como a realidade.”
Renan, que também é educador, enxerga a arte como ensino e percorre escolas e unidades da Fundação Casa realizando saraus, shows, debates e oficinas. A vivência e troca dão ainda mais realismo à poética do Inquérito, encabeçada por Renan e endossada pela parceria de mais de 15 anos com o backing vocal Pop Black, que também contribui com as letras. As batidas quem comanda é o DJ Duh, que já trabalhou com o Inquérito no álbum Corpo e Alma (2014) e assina produções com Emicida, Kamau, Rashid e outros.
Fotos: Divulgação